domingo, 18 de maio de 2014

Adicção, Antecipação e Tolerância às drogas

O assunto “droga” sempre foi evitado, e quando discutido, sempre foi feito de um forma supericial, nunca analisando os aspectos que envolvem o usuário, mas apenas o aspecto químico do problema. O texto de certa forma é bem esclarecedor no que se refere à análise do contexto em que o indivíduo se encontra, mostrando esse ponto como fundamental e talvez até o principal no que se refere ao processo de tratamento de pessoas envolvidas com drogas. No texto, o autor aborda alguns aspectos imortantes no desenvolvimento de uma dependencia, tais como o lugar onde a droga é usualmente consumida, a quantidade e frequencia das doses, e até mesmo a pessoa que aplica essas drogas. Esses fatores podem gerar uma tolerancia para o consumidor da droga, agravando ainda mais o processo de dependencia. Essa análise foi abordada no texto de uma forma muito experimental, fria, passando reto por pontos relevantes, o que acaba deixando o assunto muito teórico, sem um embasamento ou um exemplo prático que apoiem essas teorias, e talvez seja esse o ponto fraco do texto. Depois da exposição dessas ideias e teorias, o autor aponta uma solução para essa dependencia, no que julgo como o ponto principal do texto, e o mais interessante. A solução proposta seria uma imersão do dependente na realidade que ele vivia no momento do uso da droga, porém, sem a aplicação da droga. Isso, segundo o autor, condicionaria o efeito o efeito que gerou a tolerância no cérebro do dependente, porém, sem aplicar o que gerou propriamente essa tolerância, de forma que agora, situações que potencialmente gerariam a recaída da pessoa, agora não são mais automaticamente associadas à droga como era antes desse tratamento.
Em fim, o grande efeito desse texto - pelo menos na minha experiência de leitura - é o de despertar a atenção das pessoas para aspectos relacionados à dependência que geralmente não são levados em consideração, quando na verdade podem ser os mais importantes. O problema principal é a forma como ele aborda o assunto, pois o texto fala do desenvolvimento dessa teoria, e não dos relatos de sua aplicação prática, o que é geralmente mais interessante para o leitor. Mas a ideia proposta no texto deve ser estudada, pois é totalmente coerente, porém, negligenciada.

Link do texto:

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Sobre Ser São em Lugares Insanos

O texto fala de um experimento feito por David Rosenhan na década de 70. Rosenhan era um homem bem conceituado, professor emérito pela Universidade de Stanford e tinha um forte posicionamento crítico contra o controle social exercido pela psiquiatria na época.
O experimento é narrado em terceira pessoa por uma psiquiatra que se mostra quase que fascinada pelos estudos de Rosenhan e seus resultados, o que de certa forma prejudica o texto, uma vez que o lado dos críticos e das pessoas que foram contra essa pesquisa acaba ficando desfavorecido.
Rosenhan, após refletir sobre o sistema de classificação dos pacientes baseado numa rotulação fria e robótica por parte dos psiquiatras, propõe a mais oito amigos - de diferentes profissões - que fossem à uma consulta e alegassem ouvir uma voz que dizia "TUM". Todos aceitaram prontamente, procederam conforme o proposto, e foram diagnosticados com um transtorno mental (quase que unanimemente esquizofrenia) e internados, o que é estranho uma vez que o sintoma apresentado não se encaixa à nenhum transtorno.
Depois de internados, o procedimento proposto era que agissem normalmente, alegando não ouvirem mais a voz, com a expectativa de serem liberados e reconhecidos como "normais", fato esse que não aconteceu. Eles ficaram em média 19 dias na clínica (variando esse período entre os participantes do experimento).
Ao sair da internação Rosenhan publicou suas anotações e conclusões em uma importante revista, apontando as falhas dos profissionais durante a consulta e o próprio tratamento dentro da clínica. Essa publicação gerou incomodo tanto por parte das clínicas envolvidas na pesquisa, quanto por parte de críticos que se viram ameaçados com os resultados, como por exemplo Spitzer, que depois escreveu dois artigos apontando erros no experimento, questionando os seus resultados.
O texto se prolonga mais em exemplos, falando de experimentos acontecimentos em que o resultado é influenciado conforme uma indução feita por quem participa deles (como o exemplo do cavalo Hans). Mas a ideia central do texto, que corresponde ao resultado do experimento e suas implicações, é o que julgo mais importante à ser discutido. Por mais que o lado que vai contra Rosenhan seja importante, e possua argumentos relevantes, o problema evidenciado por esses resultados acaba ofuscando tudo isso. É claro que a realidade atual é outra, e que provavelmente, se feita hoje, o experimento teria resultados um pouco diferentes (como é mostrado em um exemplo no texto). Mas a frieza dos diagnósticos baseados em um manual pré-definido e generalizado, e a tendência de classificar o problema do paciente como algum transtorno, sem se preocupar com os problemas que isso pode gerar, são problemas que mantêm essas situações demonstradas no texto potencialmente vivas.

 Links:

Texto:
https://docs.google.com/viewer?a=v&pid=sites&srcid=ZGVmYXVsdGRvbWFpbnx1bmJwc3l0dXJtYWZ8Z3g6NWRhNDE3YTk3ZTk3MmFh 
 
Cavalo Hans:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hans_Esperto